quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Depois da prisão de Arruda, Fernando pode ser 'bola da vez', diz colunista


O indiciamento de 9 pessoas, foi resultado da Operação Boi Barrica

Depois da prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM, atualmente sem partido), no último dia 11, por corrupção, cresceram em Brasília os rumores de que o superintendente do Sistema Mirante, Fernando José Macieira Sarney, também tenha sua prisão preventiva decretada. Filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), e irmão mais velho da ocupante do governo maranhense Roseana Sarney (PMDB), o empresário foi indiciado pela Polícia Federal em julho do ano passado, por quatro crimes: lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsidade ideológica e gestão irregular de instituição financeira. O indiciamento, que alcançou, ainda, ao menos outras 9 pessoas, foi resultado da Operação Boi Barrica (depois rebatizada "Faktor"), na qual a PF e o Ministério Público Federal investigaram um megaesquema criminoso com tentáculos em vários estados e órgãos estratégicos da administração federal - principalmente nos setores elétrico e de transportes. Segundo a PF e o MPF, Fernando Sarney e o grupo por ele chefiado sangraram os cofres públicos durante ao menos 10 anos, cometendo uma extensa lista de crimes contra o sistema financeiro nacional. O Jornal Pequeno revelou o escândalo em primeira mão, em outubro de 2008.

Um dos sinais mais fortes de que a liberdade de Fernando está por um fio foi emitido no domingo, 14, em forma de nota, na coluna do jornalista Elio Gaspari, um dos mais bem informados do Brasil. Diz a nota - publicada em dezenas de jornais brasileiros, entre eles a Folha de S. Paulo e O Globo:

“Bola da vez - Para o bem de todos e felicidade geral da nação, o STJ botou na cadeia o governador José Roberto Arruda. Pode ser mais difícil, mas há procuradores no Ministério Público e investigadores da Polícia Federal acreditando que devem pedir a prisão preventiva do empresário Fernando Sarney".

A coluna de Gaspari também era publicada aos domingos no jornal da família Sarney - O Estado do Maranhão -, mas foi censurada em junho do ano passado, por conter pesadas críticas a Fernando Sarney e a Epitácio Cafeteira (PTB), senador maranhense aliado do clã Sarney. Leia a nota censurada, publicada à época no Jornal Pequeno:

“Fernando Sarney desafia Charles Darwin - O senador maranhense Epitácio Cafeteira foi categórico numa conversa com o repórter Rodrigo Rangel [de O Estado de S. Paulo]: 'Eu contrato quem eu quero e não sabia que tinha que pedir autorização a vocês da imprensa'. O problema não é de autorização, mas de compostura. Há 22 anos, o empresário Fernando Sarney, filho do ex-presidente [José Sarney] e dono de eletrizante fortuna, procriou fora do casamento com uma ex-candidata a Miss Brasília [Rosângela Terezinha Michels Gonçalves]. Cafeteira colocou o moço [João Fernando Michels Gonçalves Sarney] na bolsa da Viúva dando-lhe um emprego de R$ 7,6 mil mensais em seu gabinete. Pressionado pelas restrições ao nepotismo, demitiu-o e, para equilibrar o orçamento desse ramo da família de Fernando Sarney, contratou a mãe. Tudo com a discrição dissimulada das casas-grandes. O filho do ex-presidente tem patrimônio e renda suficientes para pagar R$ 7,6 mil mensais com dinheiro do seu bolso. Para o padrão de consumo do andar onde circula, essa quantia equivale a duas caixas de bom vinho, ao custo de um jantar para 15 pessoas ou ao hotel na Europa num feriadão. Fernando Sarney não precisava passar a conta de seu filho para a Viúva. O episódio não assombra pelo aspecto corrupto nem mesmo pela avareza. O que ele traz de pior é a exposição da decadência. Nas palavras de Cafeteira: "Eu devia favores ao Fernando. Ele me ajudou na campanha". Fica faltando o senador dizer que favores e quanto valeram. No ano do bicentenário de Charles Darwin, Fernando Sarney tornou-se uma peça para o estudo da regressão das espécies".

Os principais parceiros de Fernando Sarney na empreitada criminosa que levou a seu indiciamento foram, conforme a PF e o MPF, Teresa Murad Sarney, Silas Rondeau, Astrogildo Quental, Ulisses Assad, Flávio Lima, Gianfranco Perasso e Aluísio Guimarães. Veja o perfil completo de cada um dos "cabeças" do "esquema Fernando":

Fernando José Macieira Sarney - Superintendente do Sistema Mirante (que inclui a TV Mirante, retransmissora da Rede Globo no Maranhão), filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Tratado pelo grupo criminoso pelo apelido de "Bomba".

Teresa Cristina Murad Sarney - A "Tetê". Mulher de Fernando Sarney e cunhada da ocupante do governo maranhense, Roseana Sarney - é irmã de Jorge Murad (marido de Roseana) e de Ricardo Murad (ex-deputado estadual, atual secretário de Saúde do Estado, um dos principais porta-vozes do sarneysismo no Maranhão). Sócia da TV Mirante, da São Luís Factoring e da Gráfica Escolar - empresas investigadas pela PF e pelo MPF.

Silas Rondeau Cavalcanti Silva - Ex-ministro de Minas e Energia, indicado por José Sarney, que teve de deixar o cargo por envolvimento em corrupção e formação de quadrilha (Operação Navalha) e que atualmente é membro do Conselho de Administração da Petrobras. No "esquema Fernando", é o "Baixinho".

Astrogildo Fraguglia Quental - O "Astro" do grupo criminoso. Ex-secretário de Infra-Estrutura no governo Edison Lobão, atual diretor financeiro e de Relações com Investidores da Eletrobrás. Foi flagrado em "grampos" da PF conversando com Fernando Sarney sobre uma mala com conteúdo suspeito remetida a São Paulo.

Ulisses Assad - Ex-diretor da Caema no governo anterior de Roseana Sarney (1995-2002). Era, até setembro de 2009, diretor de Engenharia da Valec, empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes, responsável pela construção de ferrovias no país. Foi afastado por suspeita de irregularidades nas obras da ferrovia Norte-Sul. É o "Ula" do esquema.

Flávio Barbosa Lima e Gianfranco Antonio Vitório Artur Perasso - "Flavinho" e "China". Ambos empresários, amigos de Fernando Sarney desde a época (final dos anos 70) em que os três estudavam na Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP). Acusados pela PF e pelo MPF de serem "testas-de ferro" de Fernando em várias construtoras maranhenses.

Aluísio Guimarães Mendes Filho - "Aluisinho", como o chama Fernando Sarney, acumula cargo de assessor de Segurança de José Sarney, no Senado, e de secretário adjunto de Inteligência do governo Roseana Sarney. Foi chefe do GTA (Grupo Tático Aéreo) no governo anterior de Roseana. Acusado pela PF e pelo MPF de quebra de sigilo funcional, por transmitir a Fernando Sarney informações confidenciais da PF sobre investigações que tinham o empresário como alvo.

Os indiciados pela Polícia Federal

Fernando José Macieira Sarney (lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsidade ideológica e gestão irregular de instituição financeira)

Teresa Cristina Murad Sarney (lavagem de dinheiro, gestão de instituição financeira irregular e falsidade ideológica)

Luzia de Jesus Campos de Sousa (falsidade ideológica, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro)

Marcelo Aragão (falsidade ideológica, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro)

Thucydides Barbosa Frota (falsidade ideológica e formação de quadrilha)

Walfredo Dantas de Araújo (falsidade ideológica, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro)

João Odilon Soares Filho (instituição financeira irregular, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro)

Roberto Wagner Gurgel Dantas (falsidade ideológica e formação de quadrilha)

Luiz Gustavo Almeida (falsidade ideológica e formação de quadrilha)

Paulo Nagem (tráfico de influência)
FONTE: JORNAL PEQUENO

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